Atingimos um momento complicado da história do século XXI. O distanciamento social imposto e as dificuldades em manter-se sem as conexões corpóreas, num lugar com histórico de ser caloroso, vivido, festivo e sociável, que implica em várias consequências educativas, sociais e econômicas.
Em meio a esses fatores, surge a Comissão de Comunicação do Curso de História, que propõe uma sequência de encontros virtuais, onde proporcionamos as mais diversas compreensões de diálogos sobre virtualidades, o ensino de história na pandemia, interpretações artísticas e rodas de conversa com os discentes do curso.
A pandemia da COVID 19 (Novo Coronavírus) impôs uma situação inédita para o mundo. Já no Brasil, isso significa uma parada na linha de produção de trabalho para esferas além da econômica. Essa parada subjugou todo o sistema de ensino, dos anos iniciais ao superior. Em meio a isto, notou-se que a educação universal não sistema de educação universal no Brasil não tem condições para a oferta por meio da educação remota (Educação a Distância ou com as Tecnologias da Informação e Comunicação). Profissionais sem formações específicas e ensino sem qualidade suficiente, tendo que aprender na execução o processo de aplicações de aulas até as correções da matéria por meio das plataformas on-line.
Em um encontro proporcionado pelo Curso de História da UFTM, intitulado “O ensino de História em Tempos de Pandemia” e realizado dia 17 de junho de 2020, reuniram-se profissionais da educação de cinco Estados diferentes para uma reflexão sobre a temática. Neste ambiente os professores de Alagoas, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, compartilharam suas vivências, possibilidades e percalços com o ensino remoto, e também como esse tipo de ensino poderia ser prejudicial para os próprios alunos.
Aqui lembramos do relato de uma das professoras que em sua exposição apresentou um manifesto dos alunos, os quais escreveram sobre as dificuldades, e pediam para os professores que tivessem compreensão e não desistissem deles. Portanto, vemos aí que, em termos das dificuldades impostas pela situação de pandemia, a educação básica é uma das áreas mais afetadas, pois, é evidente que muitos dos alunos que participam das aulas on-line podem não compreender e não desenvolvem nem suficiente para o que é proposto na BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
No que se refere ao ensino de História, vemos um movimento renovado de vários historiadores tanto no ensino superior quanto na educação básica, para tornar a História mais digital. As iniciativas começaram antes mesmo do surto pandêmico no início de 2020, e, embora sendo algo novo dentro das universidades, esse tipo de movimento já estava sendo praticado por outros profissionais que não historiadores, principalmente dentro da plataforma do Youtube.
Em tempos de pandemia, esses profissionais dependem destes mecanismos tecnológicos para poderem gerar o lugar de aprendizagem no meio escolar. Mas por que disto? O texto História pública e virtualidade: experiências de aprendizagem híbrida no ensino de História de autoria dos professores doutores Cláudia Bovo (UFTM) e Marcos Sorrilha (UNESP-FRANCA) trazem algumas reflexões: “[...] o ciberespaço é um lugar que promove a autonomia dos indivíduos dentro de uma concepção de educação ativa (aprender fazendo)” (BOVO. SORRILHA, 2019, p. 7). Mas, alguns educadores temem que eles não sejam mais o foco central do aprendizado, pois, facultam o papel de reprodutor, e torna-se condutor de um conhecimento.
Vivenciamos um modelo da sala de aula invertida, onde:
“[...] os contextos virtuais promovem e requerem o desenvolvimento de habilidades para uma aprendizagem mais independente e flexível, considerando tempo, espaço e ritmo do aprendiz por meio de um conjunto de recursos didáticos adaptados às tecnologias e múltiplas mídias” (BOVO. PINHEIRO, 2019, p. 07).
No que se refere à educação remota, os alunos vivenciam diferentes realidades, uma vez que existem aqueles que possuem internet, computadores e todos os aparatos tecnológicos para a conclusão de atividades e aulas, e alunos que não possuem e não moram em centros urbanos, como mesmo comenta a professora do Estado de Goiás, do referido encontro do dia 17 de junho: “meus alunos da zona rural não possuem acesso à internet e muitas vezes nem sinal de telefone chega a seus ranchos”.
Consideramos neste momento o documentário: Pro dia Nascer Feliz (2005) que aborda as realidades escolares de jovens brasileiros de diferentes estratos sociais e podemos constatar que nesses últimos 15 anos, poucos foram os avanços sociais e econômicos, no sentido de mudar a realidade das minorias excluídas. Nesse sentido, a desigualdade econômica pode se agravar com o fator pandêmico, onde muitos brasileiros se encontram em situação de desemprego, tendo, por exemplo, que sustentar a família, e tendo que encorajar seus filhos a terem aulas on-line, num contexto muitas vezes sem acesso à Internet. A necessidade humana e as dimensões de acessibilidades, para promover o acesso à educação, mesmo que remota, atualmente exige muito de todo corpo docente escolar e esforço de todos os profissionais.
A Educação, nesse momento, tenta superar as dificuldades causadas pela pandemia, e também aquelas que já existiam antes da COVID 19 e que se intensificaram. Assim, busca-se superar a dificuldade no ensinar e aprender, por meio de trocas de ideias e saberes, de companheirismo e de coparticipação no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos, dos anos iniciais até o ensino superior.
Em meio à situação de pandemia é possível perceber e observar diversas alterações em nosso cotidiano. Hábitos simples como apertar as mãos, sair de casa, estudar ou trabalhar foram alterados. O uso de máscaras, a higienização com álcool gel, por exemplo, passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia. Nesse sentido, a disciplina História Pública e Fotografia, ministrada pelo Prof. Dr. Wagner Teixeira, docente do Curso de História da UFTM, tem como um de seus objetivos, compor um amplo registro fotográfico dos efeitos da pandemia e da quarentena na vida dos nossos estudantes. Essas imagens representam as variadas faces e do que todos vêm enfrentando, pessoas mascaradas, cobrindo boca e nariz, para poder conviver no meio social e urbano.
Diante dessas reflexões percebeu-se a possibilidade de integração no Portal de algumas ações do curso de História-UFTM relacionadas ao contexto pandêmico. Apresenta-se aqui a Coleção “As várias faces da pandemia” que vai compor nosso acervo virtual e incluir:
Lives do Canal Oráculo da História: promovidas pelo Canal organizado pela Comissão de Comunicação do curso, composta por docentes e discentes, diante da realidade do isolamento social (Disponível em: link https://www.youtube.com/watch?v=USVVKg0GKwI);
Fotografia e História Pública: Produções da Disciplina Eletiva sob regência do Prof. Wagner Teixeira que tem como objetivos: 1) Fazer um estudo teórico sobre a importância da fotografia para a ciência histórica, no interior dos debates sobre o que vem sendo chamado no Brasil e no mundo de História Pública. 2) Realizar, como atividades práticas, a produção e o levantamento fotográficos que registrem os impactos da pandemia de Covid-19 no nosso cotidiano (Disponível em: link https://instagram.com/historiapublicaefotografia?igshid=13xtlp9lit3f6);
Pesquisa de opinião: Narrativas do ensino de História na Pandemia (link para o formulário de participação: https://cutt.ly/hfesb42)
Referências Bibliográficas:
UFTM, 2ª Roda de Conversa, In: O ensino de história em tempos de pandemia, UFTM, 17 de junho de 2020, Uberaba-MG (Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=USVVKg0GKwI - Acesso em: 14/08/2020).
BOVO, C. PINHEIRO, M. S. História pública e virtualidade: experiências de aprendizagem híbrida no ensino de História. Revista História Hoje (ANPUH), v. 8, nº. 15, p. 113-134, 2019.
JARDIM, João. Pro dia nascer feliz (Documentário). Brasil: 2006, cor. 88 min.
UFTM, Registro Fotográfico da Quarentena, História Pública e Fotografia, UFTM, 2020, Uberaba-MG. (Disponível em: https://instagram.com/historiapublicaefotografia?igshid=13xtlp9lit3f6 - Acesso em: 14/08/2020).
Veja mais das fotos em : Coleção de Fotografias: "AS VÁRIAS FACES DA PANDEMIA"
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