O planejamento como ferramenta administrativa, ou simplesmente o ato de planejar, possibilita a percepção da realidade e o traçar dos caminhos possíveis para que se alcance determinada meta. Tal função vem acompanhando o ser humano desde o período da História que antecede a invenção da escrita, e está presente no cotidiano de muitas pessoas, seja no plano de vida pessoal ou na esfera profissional, assim como Menegolla e Sant’Anna apontam:
O planejar foi uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da humanidade. O homem sempre sonhou, pensou e imaginou algo na sua vida. O homem primitivo, no seu modo e habilidade de pensar, imaginou como poderia agir para vencer os obstáculos que se interpunham na sua vida diária. Pensava as estratégias de como poderia caçar, pescar, catar frutas, e de como deveria atacar seus inimigos. (2001, p. 15).
No entanto, pode-se dizer que o planejamento em si (Castro; Tucunduva; Arns, p.51, 2008) só passou a ser bem definido após a Revolução Russa (1917) que edificou a União Soviética. Já no governo capitalista do Oeste Europeu, o planejamento começa a ser aderido após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), principalmente para atender questões da dinâmica industrial e as necessidades de organização administrativa com a ascensão do comércio.
No âmbito educacional o planejamento também é estabelecido conforme o desenvolvimento do governo capitalista. No Brasil, porém, durante o período da Ditadura Civil Militar (1964-1985), o planejamento na educação foi utilizado de modo autocrático, cujo desempenho era determinado pelo governo, de modo que: “[...] a princípio, o planejamento era uma maneira de controlar a ação dos professores de modo a não interferir no regime político da época” (Castro; Tucunduva; Arns, p.53, 2008). O que ocasionou na resistência de muitos educadores para a elaboração de planos.
De modo geral, o planejamento escolar, em sua finalidade, possibilita a realização de diferentes dimensões de níveis de planos, como por exemplo, o Planejamento Educacional, Curricular, Escolar e de Ensino. No ensino de História, assim como nas demais áreas de Ensino, o planejamento escolar é algo que antecede o trabalho pedagógico prático, e consiste em um documento político-pedagógico que, segundo Libâneo:
É uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. (2013,p.245).
Em sua elaboração podemos encontrar os seguintes elementos que compreendem sua conceituação “[...] são elementos do plano de aula: estrutura didática; temática; objetivo; conteúdo programático; estratégias e recursos didáticos; duração e referências.” (TAKAHASHI; FERNANDES; p. 115, 2004).
Atualmente há ainda o debate da visão, por parte de muitos professores, sobre o planejamento ser apenas um documento técnico e burocrático exigido pelas escolas. Aí está, pois, o ponto em que devemos questionar e apresentar a importância do plano de aula, e mais ainda, da sequência didática a ser aplicada na educação. É necessário compreendermos que a Educação é um agente formador e auxiliador da construção social. A necessidade do planejamento das aulas implica na elaboração e organização das ideias e informações que serão transmitidas e compreendidas em sala de aula, de modo que: “[...] não se pode improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível.” (SCHMITZ, 2000, p.101).
Desse modo, fica evidente que o plano de aula é primordial para o desenvolvimento de uma educação democrática e contribuinte para um bom desempenho educacional. Nesse sentido, é importante que o mesmo seja elaborado a partir do contexto social dos alunos, compreendendo ainda a epistemologia e a metodologia que melhor se enquadram às características das disciplinas.
A sequência didática, por sua vez, se encontra inserida no plano de aula elaborado pelo professor e é: “[...] uma maneira de encadear e articular as diferentes atividades ao longo de uma unidade didática.” (ZABALA, 1998, p. 18). É a elaboração que evidencia a estrutura ordenada das atividades e sua aplicação em sala de aula, para que se atinjam as metas de aprendizagens propostas dentro de determinada temática pedagógica.
Posto isso, a disciplina Didática da História, do curso de História da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), desenvolve, desde a retomada do calendário acadêmico (que ocorreu no final de 2020 e início de 2021) uma atividade avaliativa, na qual os discentes tiveram que fazer um Plano de Aula e Sequência Didática. Os alunos puderam escolher qual tema abordar, dentre os seguintes temas que foram disponibilizados: Biografias; Gênero; Direitos Humanos; Cultura; Alimentação; História Regional; Ciência e Tecnologia; Corpo; Meio Ambiente; História Integrada.
Esses assuntos foram inspirados nos temas abordados no livro organizado pela historiadora Carla Pinsky, Novos temas em sala de aula (2009). A ideia da atividade avaliativa a partir desses grandes temas era trazer, para além de periodizações históricas compartimentadas, abordagens amplas, que possibilitasse ao graduando uma gama de opções.
A seguir, você pode acessar os Planos de Aula desenvolvidos pelas alunas da disciplina Didática da História:
Referências Bibliográficas:
· ARNS, Elaine Mandelli; CASTRO, Patrícia Aparecida Pereira Penkal de; TUCUNDUVA, Cristiane Costa. A Importância do Planejamento das aulas para organização do trabalho do professor em sua prática docente. ATHENA - Revista Científica de Educação, v. 10, n. 10, jan./jun. 2008.
· FERNANDES, Maria de Fátima Prado; TAKAHASHI, Regina Toshie. Plano de Aula: conceitos e metodologias. Acta Paul Enf., São Paulo, v. 17, n. 1, p. 114-8, 2004.
· LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2013.
· MENEGOLLA, Maximiliano & SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar?: Currículo, Área, Aula. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
· PINSKY, Carla Bassanez (organizadora). Novos temas em sala de aula. 2ª Ed. São Paulo/SP: Editora Contexto, 2009.
· SCHMITZ, Egídio. Fundamentos da Didática. 7ª Ed. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2000.
· ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., 1998.
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